As árvores na transição agroecológica

Projeto sobre transição agroecológica muda relação entre o cultivo dos produtores e os sistemas agroflorestais na baixada cuiabana

Os produtores da agricultura familiar do Território da Baixada Cuiabana no Estado de Mato Grosso estão mudando a percepção sobre a importância das árvores para a transição agroecológica. Já foram implantadas cinco Unidades de Referência em Sistemas Agroflorestais com uma média de 3 mil metros quadrados, com resultados nas comunidades participantes. O objetivo é desenvolver o conhecimento sobre o manejo e aperfeiçoar a tecnologia para a geração de renda local.

O projeto de extensão é integrante da Rede de Cooperação Solidária de Mato Grosso (Reccopsol), coordenado pela Universidade Federal de Mato Grosso. “As comunidades e empreendimentos visitados tinham dificuldades no escoamento da produção, além da ausência de uma assistência técnica perene”, afirma o coordenador do projeto Henderson Nobre em um relato de experiência que será levado ao Congresso Brasileiro de Agroecologia. 

Para o primeiro contato com os produtores e a identificação dos grupos interessados, a busca dos empreendimentos locais da agricultura familiar com interesse no manejo sustentável foi realizada por meio dos fóruns da Segurança Alimentar e Nutricional. A maior parte dos subsistemas de produção, segundo o projeto, era baseada em culturas como a mandioca, banana, hortaliças, frutas e a criação de gado e pequenos animais. 

Agora, o projeto pretende ampliar as Unidades de Reserva Agroflorestais que buscam o enriquecimento do solo no Cerrado. “A etapa de implantação por si só já consistiu em um grande espaço de troca de conhecimentos e aprendizado coletivo, possibilitando a apresentação da proposta, a obtenção de amostragem de solo e o desenvolvimento de estratégias de correção de solo e adubação agroecológicas”, destaca o projeto.

Segundo os organizadores, os tradicionais cultivos de roças de milho, feijão, mandioca, legumes e frutíferas já são impactados pelo fortalecimento do agroecossistema diverso e equilibrado com o plantio de árvores. “O principal resultado neste início está sendo o fortalecimento das organizações sociais locais, principalmente as associações e cooperativas das comunidades e o empoderamento das famílias participantes”, relatam os participantes.