Quilombolas continuam plantio da agricultura familiar durante a pandemia 

Comunidade quilombola Água Doce prossegue com a produção e venda de alimentos para a população 

Isadora Dias

Mesmo com as dificuldades causadas pela pandemia, muitos empreendimentos da agricultura familiar estão se esforçando para que as atividades não sejam interrompidas. O empreendimento da comunidade quilombola Água Doce, localizado no município de Barra do Bugres (166 km de Cuiabá), reforçou as medidas de segurança como a máscara e o álcool em gel, para que o plantio dos alimentos, como a banana e mandioca, fosse possível e seguro. 

Moacir Rodrigues da Silva, morador do quilombo, diz que a produção não foi afetada e a comunidade permaneceu  entregando semanalmente 250 a 300kg de banana e outros alimentos para o grupo Barrálcol e nos núcleos urbanos. Além das bananas, também há a entrega de outros alimentos como a farinha, mandioca e abóbora. “Nosso objetivo é não parar, a pandemia vem mas continuamos a produzir na nossa comunidade”, enfatiza Moacir.

O quilombola afirma que o trator recebido pela prefeitura é importante na ampliação da produção, mas que a ajuda governamental ainda é escassa. Há a falta de uma ponte que auxilie no deslocamento em tempos de chuva, que muitas vezes obriga os produtores a realizarem as entregas de barco. E quando não está em época de cheia, pesados sacos de alimentos são transportados nas costas dos trabalhadores. “Não temos ponte para atravessar os produtos, a solução foi uma tirolesa”, declara o quilombola. 

Não é novidade que o governo, de modo geral, age com descaso diante das questões e direitos do povo quilombola no Brasil. Moacir finaliza confirmando tal fato, pois diz que a comunidade quilombola já vivia uma espécie de isolamento por parte das estruturas governamentais, muito antes da pandemia iniciar.