Busca por capacitação e trocas de saberes são objetivos de agricultores e artesãos nos encontros dos Fóruns Territoriais
Reportagem: Davi Vittorazzi
Trazendo frutas, bolos, pães e café para os lanches. É assim que chegam as artesãs, artesãos, agricultores e associados de grupos que visam a produção agroecológica e a economia solidária para reunião do Fórum Territorial da Região Sul, que aconteceu na Universidade Federal de Rondonópolis (UFR).
Produções da horta orgânica da Associação Mãos Talentosas de Pedra Preta em Mato Grosso. Além de artesanatos, a associação agora também possui uma horta que auxilia na complementação da renda de mulheres associadas. Foto: Davi Vittorazzi.
O encontro é promovido pela Rede de Cooperação Solidária de Mato Grosso (Recoopsol) por meio do projeto Fórum Regional da Economia Solidária que visa prestar apoio aos empreendimentos da agricultura familiar que seguem princípios da economia solidária em diversas regiões de Mato Grosso – algumas delas são Tangará da Serra, Baixada Cuiabá e a região de Rondonópolis.
Estela Barbosa, presidente da Associação Mães Talentosas, do município de Terra Preta, diz que o Fórum é importante por atender algumas necessidades dos empreendimentos. As atividades do grupo são de produção de artesanatos e de um projeto novo, de produção de hortaliças. “A gente vem aqui, busca a parte teórica, as capacitações para que a gente implantar e melhorar as atividades do grupo”, comenta Barbosa.
“O princípio da economia solidária é de cooperação de socialização, então, é por meio desses princípios que a gente trabalha”, completa Estela Barbosa, presidente da Associação Mãos Talentosas.
Na região sul do estado, o Fórum Regional acontece em Rondonópolis. O encontro contou com a presença da Cooperativa de Seringueiros de Ouro Branco de Itiquira, Associação Mãos Talentosas de Pedra Preta, Associação Poguba, Associação Amanhecer, Assentamento Primavera, Assentamento Carlos Marighela de Poxoréu, Assentamento Egídio Brunetto de Juscimeira e também a Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer – MT), Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST) e outros.
Elizabete da Silva, professora e integrante do FTSAN, pondera que a economia solidária envolve atividades desenvolvidas em grupos. Participam desse processo produtores agrícolas, de artesanato ou consumidores, tendo sempre a vertente econômica. “São grupos que não tem chefes ou donos. São grupos autogeriveis”, ressalta a professora.
Os Fóruns Territoriais são espaços de discussões entre os membros da rede de economia solidária. Diversos setores institucionais e empreendimentos rurais e urbanos compartilham experiências, dificuldades e alternativas para melhorar a produção.
Nesta edição, 40 pessoas participaram do encontro em Rondonópolis. Inclusive a representante da Empaer de Rondonópolis, Elaine Oliveira, entidade auxilia empreendimentos rurais com extensão e pesquisa. Segundo Elaine, o Fórum e a economia solidária correspondem aos seus valores profissionais e pessoais.
Oriunda do Assentamento dos Palmares, localizado no município de Dom Aquino, Iolanda Lopes é doutoranda na Universidade Federal de Goiás (UFG). Ela, que também participou do encontro, relata que Fórum é uma oportunidade de acesso ao conhecimento, devido às distâncias das comunidades rurais.
“O Fórum possibilita o acesso ao conhecimento, ele vem para facilitar esse acesso a oficinas, capacitações, para que conheçam novas possibilidades conjuntamente”, afirma a doutoranda do Assentamento Zumbi dos Palmares, Iolanda Lopes.
Já Rosemary Castro ressalta que a importância do fórum é por agregar valores e conhecimentos, pela troca entre os agricultores. “Era muito difícil de acreditar nessa ideia, mas hoje já conseguimos viver essa ideia”, confessa Rosemary sobre a ideia da economia solidária. O Assentamento Carlos Marighela, contempla 166 famílias. Com 20 anos de história, a produção no campo é abrangente com leite, queijos, rapaduras, bananas, farinhas diversas – em especial ao do tipo temperada e a flocada – e outras produções.
Nos fóruns, que além dos debates teóricos sobre cooperação e solidariedade, para o encontro acontecer, a equipe do Recoopsol, de agricultores e artesãs ajudam a montar e guardar os equipamentos e as salas. Assim, exercitando princípios da economia solidária na prática.
