Associação interrompe produções dos empreendimentos mas continua com planejamento pós-pandemia para redução de danos econômicos
Isadora Dias
A pandemia do novo coronavírus está gerando uma recessão econômica em diversos setores da sociedade, sendo um deles a produção e venda dos produtos da agricultura familiar. Apesar do momento atual ter resultado em quase paralisação completa das atividades dos empreendimentos, a Associação Dando as Mãos se mantém organizando projetos e estratégias para reerguimento, redução de danos lucrativos e entrada em novos mercados além do institucional, com o apoio da Prefeitura Municipal de Rondonópolis e Rede de Cooperação Solidária de Mato Grosso – RECOOPSOL.
No município de Rondonópolis (200km de Cuiabá), a Associação tem sobre sua responsabilidade uma produtora de laticínios e a planta de abate de frango, além de apoiar e colaborar na meta produtiva de um frigorífico de peixes na mesma cidade e uma processadora de mandioca em Dom Aquino (170km de Cuiabá). O frigorífico de peixes é de responsabilidade do município de Rondonópolis e sua estrutura será destinada a atender o processamento da produção de pescados da agricultura familiar. Nesta parceria a Dando as Mãos comercializará a produção final e fornecerá a equipe de trabalho para operação do frigorífico de peixes.
A quarentena já estava diminuindo lucros, no entanto, um assalto tornou-se o principal culpado para a total interrupção das atividades da produtora de laticínios. Vários equipamentos essenciais ao funcionamento, como compressores de ar e freezers foram levados pelos assaltantes inviabilizando a produção em sua totalidade. “Estávamos funcionando normalmente durante a pandemia, mas o furto inviabilizou o funcionamento e a entrega dos produtos”, afirma Kássio Gomes Elias, associado da organização. A associação busca um aporte financeiro de uma cooperativa de crédito para retomar os trabalhos na planta laticínia.
A Associação também fornece mandioca descascada e farinha, mas a farinheira do assentamento Zumbi dos Palmares em Dom Aquino está com o seu funcionamento em condições mínimas. “Com a pandemia, os produtores tiveram que liberar seu plantio para ser vendido em outros mercados para não perder a produção, porque as escolas não estavam adquirindo os produtos. Não conseguimos manter o funcionamento dos empreendimentos ligados a Associação, cada companheiro teve de achar seu próprio jeito de comercializar”.
Com o fechamento dos locais que adquiriam os produtos, como consequência do isolamento social, as vendas tiveram praticamente um completo declínio, “como toda nossa comercialização era centrada no mercado institucional do Estado, a pandemia levou nossas vendas a zero”, enfatiza Kássio.
Contudo, apesar da paralisação das ações de comercialização , os membros estavam se mobilizando desde o ano passado para discutir o futuro dos empreendimentos, trazendo projetos de novas construções e adequações com prazo para 2021, mas os planos tiveram de ser antecipados em decorrência do momento atual. Manter-se no mercado institucional com mais segurança e inserir-se no mercado privado com uma marca própria da agricultura familiar tornaram-se os principais objetivos da Associação Dando As Mãos. Além disso, adequações na planta laticínia para produção de queijo mussarela e projeto de um distrito industrial da agricultura familiar em Rondonópolis também são pautas que estão em discussão. O distrito, segundo Kássio, reduziria os custos para os produtores e para as atividades rotineiras da organização.
Para que tais planos sejam materializados, um diálogo com a Prefeitura Municipal de Rondonópolis, visando a redução dos custos logísticos de produção, foi realizado. Houve o acordo de que a Prefeitura assumirá os custos de uma central de estoque, caminhões frigoríficos para logística e transporte e funcionários. “Com a ajuda da prefeitura, conseguiremos reduzir melhor o dano econômico causado pela pandemia”, finaliza Kássio.
Associação Dando as Mãos
A Associação “Dando as Mãos” nasceu da atuação das associadas religiosas da Província Santa Teresa do Menino Jesus, junto aos assentados dos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Amazonas, os quais se unem no projeto comum do trabalho da Educação para a Cidadania, junto às categorias empobrecidas, excluídas dos benefícios sócio-econômicos e políticos da sociedade brasileira, assumindo o compromisso com a transformação social.
O projeto teve início oficial no ano de 1999, durante a celebração do Décimo Capítulo Provincial das Irmãs Catequistas Franciscanas da Província Santa Teresa do Menino Jesus, com a evidência de grande preocupação com a situação dos assentados e acampados da região.
A iniciativa, que foi consolidada em 2001, foi organizada pelas irmãs em parceria com a Diocese de Rondonópolis, Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e Paróquia São José do Povo. O objetivo centrava seu foco em conhecer famílias por meio de visitas domiciliares, que tinham o intuito de reflexão sobre a preservação do meio ambiente com o cultivo de plantas medicinais e hortas. As visitas tinham também visavam reunir as comunidades em torno da palavra de Deus, despertando-as para a conscientização e formação da cidadania.