Cristóvão Almeida
Para marcar o Dia Mundial do Meio Ambiente, mais de cem pessoas, de diferentes municípios do estado de Mato Grosso participaram, na sexta-feira, 05/06, via aplicativo online Zoom, da audiência pública com o tema “o panorama da luta ambiental em Mato Grosso no contexto da pandemia”.
Helber Jordão informou aos participantes que estão em tramitação na Assembleia Legislativa, quarenta e cinco projetos com a pauta ambiental. Dentre eles, a obrigatoriedade de detectar a presença de agrotóxico na água; a proibição de construção de usinas ao longo do Rio Cuiabá; aproveitamento de energia solar e a proibição do uso e aplicação de agrotóxicos perto de escolas, creches, hospitais, aldeias, rios e mananciais de captação de água para abastecimento da população.
Durante a audiência pública, representantes de diversas instituições se manifestaram em defesa do Meio Ambiente, da necessidade de acompanhar os projetos e também a preocupação em relação a pandemia. Alice Thuault, do Instituto Centro de Vida (ICV), refletiu sobre a invisibilidade da agricultura familiar. Para ela, isso ocorre por conta do “modelo predatório e da falta de justiça social no estado de Mato Grosso, com isso fica parecendo que o estado é só agronegócio”, ponderou.
O professor Jackson Rogério Barbosa se mostrou preocupado com a liberação dos mais de 600 defensivos agrícolas em solo brasileiro, inclusive com o produto Dicamba, um dos agrotóxicos mais nocivos à saúde “se hoje temos o caos de doença, ficará bem pior”, previu. Por sua vez, o agricultor familiar, Nilfo Wandscheer, questionou sobre a segurança alimentar e a produção orgânica em região com forte presença no uso de agrotóxico “lutamos tanto pelo zoneamento socioambiental, cobramos assistência técnica aos pequenos agricultores e não temos apoio”.
Ságuio Moreira, representando a rede de comercialização de produtos da agricultura familiar (CTA) mostrou a importância do trabalho coletivo e a luta para inserir hábitos alimentares saudáveis na mesa da população mato-grossense.
Para o proponente da audiência pública, o deputado Lúdio Cabral, a Assembleia Legislativa é uma arena de disputa, tensão e conflito de interesses econômicos. “O nosso mandato é uma ferramenta de luta em defesa da vida para que o interesse econômico não se sobreponha aos direitos das pessoas, a viver com dignidade, a compartilhar e partilhar a existência com todo patrimônio natural que nós temos no nosso estado, os três biomas, pantanal, Amazônia e cerrado”.
O deputado se sente satisfeito com a audiência pública “é uma oportunidade, mesmo na pandemia, remotamente, trazemos para dentro da Assembleia Legislativa a voz dos lutadores que estão em todos os cantos do estado, em defesa da vida. Em defesa da água, a luta contra as hidrelétricas que destroem o meio ambiente. A luta em defesa de um modelo de desenvolvimento que produz alimentos saudáveis”.
Além da Rede de Cooperação Solidária (Recoopsol) e dos agricultores familiares, participaram da Audiência Pública a Promotoria de Justiça da Comarca de Várzea Grande, FETAGRI, MST, Comunidade indígena e quilombola. O encontro começou às 15 horas e foi concluída às 18h30, com a leitura de um poema em homenagem às vítimas do novo coronavírus.